O governo da China deixou de divulgar centenas de indicadores econômicos essenciais, dificultando a compreensão sobre a real situação da segunda maior economia do mundo. A denúncia foi feita pelo jornal norte-americano Wall Street Journal (WSJ).
Segundo a reportagem, foram retiradas de circulação estatísticas como vendas de terrenos, investimentos estrangeiros, taxa de desemprego, dados de cremações e até da produção de molho de soja. A medida ocorre sem explicações formais, num momento marcado por desaceleração econômica, crise no setor imobiliário e fuga de investidores estrangeiros.
“As autoridades chinesas pararam de publicar centenas de pontos de dados antes usados por pesquisadores e investidores”, afirma o WSJ.
Diante da crescente opacidade, especialistas têm buscado fontes alternativas de informação, como imagens de satélite, consumo de energia elétrica, bilheteria de cinemas e postagens em redes sociais.
Um economista relatou ao WSJ que monitora o setor de serviços com base em “notícias sobre donos de academias e salões de beleza que fecham de repente e fogem com o dinheiro das mensalidades”.
A censura também atinge os economistas que divulgam análises independentes. Em 2024, Gao Shanwen, da estatal SDIC Securities, afirmou que o crescimento real da China poderia ser de cerca de 2% nos últimos anos. Pouco depois, foi punido e proibido de se manifestar publicamente por tempo indeterminado.
O governo chinês declarou um crescimento oficial do PIB de 5% em 2024, exatamente o valor da meta. Porém, análises independentes discordam:
A desconfiança também se estende ao mercado de trabalho. Após a economista Zhang Dandan, da Universidade de Pequim, estimar uma taxa real de desemprego juvenil de 46,5%, o dado oficial (21,3%) foi retirado e, meses depois, reapareceu com nova metodologia indicando apenas 14,9%.
Um relatório de 2022 indicou taxa de vacância habitacional elevada nas grandes cidades, superior à de países desenvolvidos, mas foi retirado do ar por pressão do governo. Logo após, dados sobre vendas de terrenos também deixaram de ser publicados, mesmo com a queda de 48% no ano anterior.
A transparência nas bolsas também foi afetada: após saída de mais de US$ 2 bilhões por investidores estrangeiros, Xangai e Shenzhen pararam de divulgar o fluxo de capitais em tempo real, alegando alinhamento com padrões internacionais.
A retirada dos dados costuma ocorrer em temas delicados para o Partido Comunista Chinês, como:
Diante do bloqueio, economistas estrangeiros passaram a visitar a China continental para baixar dados diretamente nos registros públicos. Um profissional baseado em Hong Kong relatou que faz viagens regulares à cidade de Shenzhen para obter informações.
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